Quando chegou aos cinemas de 1982 o longa de ficção-científica de Ridley Scott teve resultados abaixo das expectativas, mas posteriormente “Blade Runner, O Caçador de Androides” ganhou status de um clássico cult da sétima arte e foi um marco para o gênero. Mais de três décadas após ser lançado o filme inspirou muitos outros diretores e reassentou as bases de produção sobre o futuro, tecnologia e inteligência artificial.

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''Blade Runner'' inovou como o cinema tratava inteligência artificial e seu visual foi inspiração unanime para filmes
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''Blade Runner'' inovou como o cinema tratava inteligência artificial e seu visual foi inspiração unanime para filmes


Além do humano

Ridley Scott pode não ter sido o primeiro diretor a trazer o tema da inteligência artificial para dentro da tela – o computador HAL de “2001: Uma Odisseia no Espaço” já possuía consciência própria, bem como o do filme “O Cérebro de Aço”, lançados respectivamente nos anos de 1968 e 1970 – porém ele certamente foi um grande influenciador para como essa questão seria representada dali por diante. O dilema moral e a forma como os replicantes são retratados em “ Blade Runner ” foi inovadora.

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Enquanto seus antecessores mostravam máquinas como o ápice do desenvolvimento tecnológico da civilização, Ridley Scott dissolveu a linha entre androides e tecnologia: exceto pelo teste de Voight-Kampff que aplicam para reconhecer os replicantes, não há indícios aparentes de que eles sejam artificiais. O fato de serem conscientes sobre suas origens e sua morte precoce faz com que, além de apenas retratá-los, o diretor trouxesse questões filosóficas acerca do que é ser e sentir para dentro do cinema.

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Replicantes de ''Blade Runner'' ofereceram ma visão mais sofisticada sobre inteligência artificial

A ética que envolve a relação entre a humanidade – ou o que restou dela no planeta terra – e o modo como os replicantes são tratados é uma discussão central do filme. “Blade Runner” questiona os limites dessa ligação entre a criatura e o criador e, posteriormente, muitos outros cineastas traçaram o mesmo caminho. Filmes como “Eu, Robô” e “Ex Machina”, por exemplo, não existiriam sem a encruzilhada proposta pelo clássico de 1982 – sem ele esse segmento da ficção-científica estaria longe de ser como o vemos hoje.

Estética da decadência

Se por um lado a estética futurista costuma se associar ao minimalismo, forte claridade artificial e ambientes esterilizados, Ridley Scott andou no caminho oposto: carros voadores coexistem com uma cidade em decadência, definhando e apodrecendo aos poucos. Há quem diga que nesse aspecto o diretor acertou mais do que qualquer outro em sobre como seria o futuro – e acabou acertando também em inaugurar uma nova estética sobre como será a sociedade no futuro.

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Sociedade globalizada e tecnológica virou sinônimo de modernidade depois do filme ''Blade Runner''

Ele basicamente criou o conceito de cyberpunk no cinema, ou seja, um futuro que não está nem próximo do otimismo que as empresas tentam vender. O visual escuro e sujo contrastado com imensos painéis luminosos que incitam os sentidos é de total crédito para “Blade Runner”. Se hoje conhecemos muitos títulos que fazem uso dessa construção, como o clássico “Matrix”, foi pela ousadia de Ridley Scott – e não é por acaso que o longa é o terceiro mais influente da história na classificação feita pela Associação de Efeitos Especiais, lançada em 2007.

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Outro ponto que foi introduzido por “Blade Runner” no cinema foi, em linhas gerais, a globalização. A influência oriental na cidade de Los Angeles representada no filme chama a atenção pela sua naturalidade e, ao mesmo tempo, por estar diretamente ligada à sensação de modernidade. A inspiração acabou retornando para a cultura asiática e os animes “Ghost in The Shell” e “Akira” acabaram se espelhando muito na construção proposta pelo filme americano.

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